Meu Pedacinho de Chão foi uma telenovela brasileira co-produzida e exibida simultaneamente no horário das 18 horas pela Rede Globo e pela TV Cultura entre 16 de agosto de 1971 e 6 de maio de 1972, com 185 capítulos, Foi a 1ª "novela das seis" exibida pela Rede Globo, antecedendo Bicho do Mato, foi a primeira novela educativa da televisão brasileira. Escrita por Benedito Ruy Barbosa, com a colaboração de Teixeira Filho e direção de Dionísio de Azevedo.
Reapresentada pela TVE Brasil em 1977.
A trama conta a história da professora Juliana, que chega à fictícia Vila de Santa Fé para lecionar para crianças e se depara com um povo humilde e acuado com os desmandos do coronel Epaminondas, um homem arrogante que resolve tudo com gritos e armas, e que dita as regras na região. A professora conhece o amor altruísta do peão Zelão, sempre disposto a protegê-la do assédio de Ferdinando, filho do coronel, um playboy mau caráter que voltou da capital onde gastou toda o dinheiro que o pai lhe mandava para os estudos.
Em meio à guerra que se forma no vilarejo, as crianças Pituca, Serelepe e Tuim vivem suas aventuras em um mundo à parte, longe das preocupações e interesses dos adultos. A menina Pituca é Liliane, filha mais nova do coronel Epaminondas. E os meninos Serelepe e Tuim, são agregados na fazenda, e por essa razão. o coronel não vê com bons olhos a amizade pura entre sua filha e os dois garotos.A telenovela inaugurou o horário das seis da Rede Globo, que permanece até hoje, no dia 16 de agosto de 1971. A trama durou até o dia 6 de maio de 1972, sendo substituída por Bicho do Mato, de Chico de Assis e Renato Corrêa e Castro, totalizando 185 capítulos.
A produção foi realizada pela TV Cultura da Fundação Padre Anchieta, gravadas em seus estúdios localizados na Água Branca em São Paulo, SP. Grande parte de suas cenas externas foram gravadas em duas fazendas do município de Itu, em São Paulo.
Ao assumir o Governo de São Paulo, Laudo Natel, convidou Benedito Ruy Barbosa para exercer o cargo de assessor especial do governo junto à Presidência da TV Cultura. Assim, Benedito teve a oportunidade de escrever essa novela rural e educativa. Benedito declarou "A proposta de Pedacinho foi mostrar o problema do homem do campo, ensiná-lo sobre as doenças (tracoma, tétano, verminose), levá-lo para uma sala de aula, dar-lhe melhores condições de higiene e ao mesmo tempo mostrar o interesse das classes patronais (fazendeiros e autoridades) pelo camponês analfabeto, sem questionar nunca sua miséria e seus problemas. Como este foi o período de desenvolvimento do Mobral, eu tentei com Pedacinho ajudar este projeto de ensino no qual na época eu acreditava".Benedito chegou a escrever cinco capítulos num dia, datilografando em sua antiga máquina de escrever. Ainda segundo Benedito, a novela enfrentou problemas com a censura da época na cena em que um personagem tocava violão e cantava o Hino Nacional Brasileiro para os caboclos. Depois disso, um aluno cantava o hino da escola, tendo a bandeira do Brasil estendida sobre a mesa. A censura cortou essas cenas, alegando que o hino brasileiro não podia ser cantado naquele ambiente, e que a bandeira só podia aparecer em "cenas especiais".
O projeto para a novela veio de uma pesquisa de marketing que apontou o formato de telenovela como a melhor forma de atingir o grande público.
A história era um drama rural e transmitia ensinamentos úteis aos trabalhadores e à população do campo. Os autores contavam com informações fornecidas pelas secretarias municipais de Agricultura e Saúde para escrever sobre vacinação, desidratação infantil, higiene e técnicas agrícolas. Com o desenvolvimento do Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), na época a novela também abordou o problema do analfabetismo no campo, levando personagens adultos às salas de aula.
A menina Patrícia Aires (filha do ator Percy Aires, que também estava no elenco), vinha do sucesso da novela A Pequena Órfã, produzida em 1968 pela TV Excelsior.
Elenco
Ator | Personagem |
---|---|
Maurício do Valle | Zelão |
Renée de Vielmond | Professora Juliana |
Castro Gonzaga | Coronel Epaminondas |
Ênio Carvalho | Fernando |
Cacilda Lanuza | Helena |
Ayres Pinto | Serelepe |
Patrícia Aires | Pituca |
Pelezinho | Tuim |
Canarinho | Rodapé |
Carlos Castilho | Janjão Escavadeira |
Hemílcio Fróes | Prefeito |
Leonor Lambertini | Joana |
Percy Aires | Padre Santo |
Maria Aparecida Alves | Tié |
Janete Pires | Gina |
Renato Consorte | Tuisca |
Luís Carlos Arutim | Geléia |
Lourdinha Felix | Reyna |
Claudinho Cunha | Piteco |
Dionísio Azevedo | Furgencio |
Flora Geni | Romaria |
Isaac Bardavid | Jorjão |
Cleston Teixeira | Sérgio |
Xandó Batista | Xexenio |
Jorge Cherques | Xanguana |
Edmundo José Nogueira | Quintino |
Nilson Condé | Renato |
Trilha sonora
- "Tema de Abertura" (Cleston Teixeira) - Cleston Teixeira
- "Tema da Professorinha" (Carlos Castilho e Cleston Teixeira - Cleston Teixeira
- "Canto de Amor de Juliana" (Cleston Teixeira e Teixeira Filho) - Wilson Miranda
- "Tema do Zelão" (Cleston Teixeira e Teixeira Filho) - José Milton
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